escolhas caminhos e decisões - como fazer

Conheça alguns métodos para fazer decisões avaliando cenários de forma mais assertiva

Se precisamos fazer alguma escolha, geralmente utilizamos a velha abordagem “tudo ou nada”. Por exemplo, se temos dúvidas sobre nosso relacionamento, geralmente começamos a considerar se devemos ou não terminar com nosso parceiro. Nosso processo de pensamento não nos deixa pensar em alternativas e acabamos ficando presos à apenas duas possíveis conclusões (o tudo ou o nada).

Os métodos descritos aqui, foram retirados de uma leitura do livro Decisive, de Dan Heath, que conta um pouco de suas decisões e como ele se aperfeiçoou nisso.

Quando enfrentamos uma decisão, uma maneira de evitar esse tipo de pensamento “estreito” é uma conhecida técnica, chamada de “Teste de opções de fuga”. A abordagem básica é imaginar que você não pode optar por nenhuma das possibilidades atuais que está considerando, devendo, então, refletir sobre uma outra alternativa.

Técnica Multitracking

Você poderia também implementar outra técnica conhecida como Multitracking. Essa técnica envolve considerar e testar diversas opções simultaneamente. Por exemplo, uma empresa pode considerar propostas de marketing de uma variedade de consultores para sua última campanha, realizando testes ou conduzindo pesquisas de consumo para descobrir qual delas funciona melhor. Em situações como essas, o feedback também ajuda na tomada de decisões.

As maneiras “estreitas” que as pessoas utilizam para tomar decisões fazem com que elas percam oportunidades. Por isso, amplie suas opções, considere diversas alternativas para tomar decisões mais informadas.

Trabalhar playlists de ideias

No mundo de negócios, checklists são muito implementadas. Muitos de nós têm tarefas repetitivas que precisam ser completadas e uma checklist nos fornece diretrizes para garantir que os processos estão sendo seguidos corretamente. Elas são extremamente úteis para evitar que erros sejam cometidos, mas em muitas situações não existe resposta certa ou errada. Nesses casos, é improvável que uma checklist ajude, pois elapode gerar o pensamento “estreito”, que, como vimos anteriormente, prejudica o processo de tomada de decisão.

Nesses momentos, uma “playlist” passa a ser muito mais útil do que uma checklistPlaylists ajudam no processo de geração de ideias. Elas permitem que a pessoa pense em uma variedade de respostas, soluções ou alternativas, garantindo que todas as possibilidades sejam consideradas e avaliadas. Assim, as playlists permitem que melhores decisões sejam tomadas.

Uma playlist é uma lista muito simples de questões abertas ou considerações que são projetadas para gerar novas ideias e ajudar os processos de pensamentos das pessoas. Você pode adaptar essa lista dependendo da situação. Então, em uma reunião de negócios sobre cortes de orçamento, sua playlist poderia perguntar:

  • O corte de orçamento pode ser realizado pelo atraso das despesas?
  • Existem outras fontes de renda potenciais que poderiam ser consideradas?
  • Os cortes poderiam ser maiores para investir em novas oportunidades?

Essas perguntas vão permitir que um time de funcionários considere uma gama de possibilidades, fornecendo estímulos para que eles pensem mais profundamente sobre a situação.

Essencialmente, as playlists permitem multitarefas e podem ser reutilizadas, assim como as checklists. Você pode ter playlists relacionadas à uma variedade de situações para as quais você pode voltar sempre que se repetirem. Com o tempo, isso vai te deixar ver o que funciona e o que não funciona – o que só vai levar a uma tomada de decisão ainda melhor no futuro.

Seja do contra e pense nas ideias opostas

Os seres humanos têm a tendência natural de procurar informações que confirmem suas crenças e ideias. Essa confirmação tendenciosa é o que nos impede de tomar decisões informadas. Só prestamos atenção na informação que apoia nossas crenças ou preferênciase ignoramos qualquer coisa que seja contrária a elas. Essa claramente não é a melhor maneira de chegar a boas conclusões.

Imagine que você queira comprar um novo carro e tem um modelo particular em mente. Você vai provavelmente fazer sua pesquisa e olhar as opiniões online, mas quando fizer isso, vai prestar muito mais atenção aos comentários positivos que justifiquem seu desejo preexistente por esse veículo em particular. Inúmeros estudos demonstraram que isso acontece em diversas situações. Você pode pensar que está considerando diversas opções, mas a verdade é que você já tomou sua decisão e só está procurando por alguma coisa que apoie sua decisão.

Então, qual é a solução? Uma boa atitude é testar a realidade de suas suposições. Desafie seu processo de pensamento, obrigue-se a considerar o oposto do que você acredita ser verdade. Em vez de só se focar nos aspectos negativos, dê a cada opção possível uma tentativa justa. Pode ser útil fazer a pergunta: “Para que isso seja correto, o que precisa ser verdade?”

Se seu CEO debate a compra de outra empresa com seu time e transmite a todos os benefícios dessa decisão, há grandes chances de que isso aconteça em razão da confirmação tendenciosa dele.

Assim, a maioria das pessoas pensaria que essa é uma boa opção para o negócio. Agora, tente utilizaro teste de realidade nessa suposição: ese não comprar a empresa gerar mais benefícios? Procure por dados que te convençam disso. Você pode procurar pela taxa de fracasso de comprar um novo negócio, pelo dinheiro economizado em não comprar e pelos problemas que surgem ao fazer uma nova aquisição. Seu time ainda assim pode decidir comprar a nova empresa, mas o processo de análise te deixa considerar os fatos para tomar uma decisão informada ao invés de uma decisão tendenciosa.

Ao só reunir informações que apoiem suas ideias preconcebidas, você está tomando decisões tendenciosas. Desafie suas suposições considerando o oposto do que você está pensando. Refletir nas perspectivas diferentes vai te impedir de chegar às conclusões baseadas em seus sistemas de crença distorcidos e em suas próprias ideias.

Decisões emocionais podem gerar muitos problemas

Deixar que nossas emoções imediatas interfiram em nossas decisões é um grande problema. Quando as pessoas pensam nas piores decisões que já tomaram, com frequência se lembram de que foram tomadas em momentos de fortes emoções. Sentimentos como a raiva, ganância, inveja ou luxúria exercem grande poder sobre nós, o que afeta e influencia nossa tomada de decisão.

Exemplos extremos disso incluem casais que escolhem se separar durante uma discussão acalorada ou alguém que pede demissão de seu emprego logo depois de uma avaliação de desempenho ruim. É por isso que muitas pessoas sugerem que você “esfrie a cabeça” antes de tomar uma decisão. Principalmente, claro, se essa decisão tem grande importância em sua vida.

Esfriar a cabeça te dá um tempo para que suas emoções intensas diminuam um pouco, na esperança de que você consiga enxergar melhor a situação.

Infelizmente, você pode nem sempre ter tempo para esfriar a cabeça. Além disso, é importante ser capaz de remover sua reação instintiva quando for fazer uma escolha e não deixar que suas emoções te influenciem demais.

Regra do 10/10/10

Emoções de curto prazo geram pensamentos de curto prazo, impedindo que você veja as consequências de longo prazo das suas atitudes. Para evitar que isso aconteça, tente utilizar a regra 10/10/10 desenvolvida por Suzy Welch. Ela envolve pensar sobre suas decisões em três diferentes momentos. Pergunte-se como você vai se sentir daqui a 10 minutos, como você vai se sentir em 10 meses e como você vai sentir em 10 anos.

Isso vai te ajudar a criar alguma perspectiva para prevenir que suas emoções imediatas te influenciem demais. Então, vamos imaginar que você está, há muitos meses, interessado em um colega e descobre que ele está solteiro. Imagine que você se encontrou com ele em uma festa de Natal do trabalho. Seus sentimentos de nervosismo e ansiedade podem impedir que você o convide para um encontro.

Agora aplique a regra dos 10/10/10. Mesmo que o pior cenário aconteça e seu colega te rejeite, em 10 meses você pode estar em um relacionamento diferente. Em 10 anos, essa pessoa pode ter mudado de ideia e te convida para sair – e agora você está casado e com um filho. Ao se distanciar mentalmente da situação, é mais provável que você faça a escolha correta e vença sua ansiedade para iniciar aquela conversa “complicada”.

É fácil ver como nossas emoções podem influenciar nossa tomada de decisão, mas, nós podemos superar nossas emoções de curto prazo utilizando a regra 10/10/10. Isso nos permite considerar as coisas por outra perspectiva.

Nós muitas vezes temos uma confiança em excesso, o que nos atrapalha a enxergar qualquer problema que pode surgir quando tomamos decisões. Podemos tomar decisões melhores quando temos uma variedade de possibilidades a serem consideradas. Crie essa variedade pensando nos melhores e piores cenários e isso te ajudará a ter sucesso na tomada de decisão.

Nossas decisões diárias moldam nossas vidas, sejam elas insignificantes ou transformadoras. Por isso, é importante considerar como estamos sendo influenciados e aprender a vencer os vilões da tomada de decisão utilizando essas ou outras técnicas.

Publicado por

Fábio G. Silva

Formado em Business Marketing pela Ohio University, Inovação e Gestão de Projetos pela ISCTE (Lisboa), Gestor de Pessoas pela PUC Minas, Especialista em Desenvolvimento Web pela PUC Minas e Produtor Multimídia pela UniBH. Atua como Consultor de Marketing Digital em empresas privadas de diversos segmentos e portes. Também aproveita o tempo livre fotografando pessoas e paisagens enquanto viaja o mundo e pratica esportes radicais. Fundador da Tricks (Guia Radical) e Digitow e blogueiro no CV do Fábio.

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